terça-feira, fevereiro 05, 2013

Quem sou eu e meus brinquedos

Hoje eu encontrei recorrentemente uma tira compartilhada no Facebook.

Fonte: http://www.smbc-comics.com/index.php?db=comics&id=1883
(Claro que "be a doll" e "só isso" variam de forma a dar margens de interpretação bem diferentes entre as tiras)

Meu primeiro argumento contra isso é:  Turkle. S, Falling for Science (2008), em um comentário muito interessante, com conteúdo do livro, que pode ser verificado aqui. Eu recomendo: http://boingboing.net/2010/02/10/how-my-little-pony-t.html

O títudo já explica muito: "How My Little Pony turned a little girl into a Computer Scientist"

Acho que isso é prova suficiente que o raciocínio sugerido a cima, fortemente expresso em "subsequentemente" não necessáriamente se verifica na realidade. MAS, por que eu adoro brinquedos - tanto como tema de estudo quanto como ferramentas de brincar - continuarei um pouco mais.

Aparentemente coisas como "brinquedo de menina e brinquedo de menino" só existem para adultos. Outra coisa que também só existe para adultos é o "não brinquedo", que frequêntemente se manifesta na frase  "isso não é brinquedo". Coisas "de criança" são brinquedos, o que não é brinquedo não é de criança, sugere a frase que eu ouvia muito quando criança, e ouço ainda, vez ou outra, quanto tenho a oportunidade de observar as estripulias dos filhos dos outros :P

Eu adorava pregadores de roupas, na minha mente infantil eles eram simplesmente os melhores Transformers EVER!
Minha mãe por sua vez odiava que eu brincasse com eles já que eventualmente eles sumiam, quebravam ou, pior que isso, as roupas limpas carregadas por uma lufada de vento iam do varal direto para o chão.
De qualquer forma, eu era uma pequena garota com vários aviões, principalmente caças, e ninguem poderia impedir isso. Muitas vezes minha mãe me impedia de ter os pregadores, mas hoje em dia posso afirmar com uma boa certeza que ela não sabia, ou não entendia, por que eu queria os pregadores já que eu tinha tantos brinquedos.

Existe uma faixa etária, que compreendente a maior parte do que chamamos genericamente de infância, em que os brinquedos são fortemente associados a imaginação. Por um bom tempo um galho fino e seco de árvore figurou entre os meus brinquedos favoritos. Este era as vezes uma varinha de condão, as vezes era um chicote (Indiana Jones, anyone?),  as vezes uma espada (um rapier especificamente, por que as crianças as vezes sabem coisas que os adultos não imaginam).

Facilmente uma garotinha pode transformar sua coleção de Barbies em um exército de zumbis com o qual qualquer garoto gostaria de brincar imediatamente. E não existe absolutamente nenhuma questão de genero envolvida nisso. A questão de genero só aparece quando alguém cuja opinião a criança preza aparece para dizer se isso é de menino ou menina, se a criança pode ou não fazer aquilo. O brinquedo em si é inanimado e não vai provocar qualquer estimulo relacionado a generos sem que a criança lhe atribua antes um significado.

Eu tinha muitos pôneis, tive a sorte de dividi-los com o meu irmão e brincamos juntos muitas vezes sem que isso causasse prejuízo à personalidade de qualquer um de nós, independentemente do genero.

De fato os brinquedos apresentam oportunidades às crianças, oportunidades de experimentar, compartilhar. Apresentam o desafio de "serem significados", uma vez que a criança em seu mundo imaginário é que vai atribuir um papel ao brinquedo. O microscópio que mudou a vida da criança A e a transformou em um cientista pode ser o brinquedo mais chato que a criança B já teve. E o caminho para a ciência pode estar nos LEGOs e kits de Alquimia tanto quanto nos Querido Pôneis, nas bonecas ou nas panelinhas.

De qualquer forma, o importante é que a criança precisa brincar. Permita que ela tenha a maior diversidade possível de ferramentas (brinquedos) para isso. Garotos precisam de bonecas, de donzelas em perigo para serem resgatas ou de representações que possam associar as mães, professoras, bruxas, namoradas e outras figuras femininas que inevitavelmente permeiam a realidade dos homens. Da mesma forma as garotas precisam de carrinhos (e desculpe mas, o carro rosa da Barbie também é carro nesse jogo), robos, ferroramas (são tão bons quanto quebra cabeças mas muito mais envolventes) e video-games.
Crianças precisam de experiências ricas mas a maioria dos adultos só pode, nesse caso, oferecer variendade. Só quem brinca pode dar significado ao brinquedo e ao brincar, e esse significado não vem na caixa.

E por isso insisto, aniversário, dia das crianças, Natal... de brinquedo! Não de roupas! ¬.¬

Minha Rainbowberry, através de muita engenharia, tentativa e erro e raciocínio eu finalmente consegui fazer uma trança com cinco mechas. \o/ Um verdadeir puzzle.

PS: Fotos do avião de pregador serão adicionadas em breve.


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