quarta-feira, dezembro 02, 2015

Mask



Eu olho para trás
Um hall de mascaras abandonadas
E me sinto tentada
A te usar outra vez



domingo, outubro 04, 2015

Internet do Facebook

Eu conheci muitas pessoas pela internet. Muitos que se tornaram apenas contatos de facebook, mas também muitos que se tornaram bons amigos, daqueles que você encontra raramente, quando a “vida de trabalhador adulto” permite, mas que ainda assim sempre é bom encontrar. 
Eu conheci muita gente conversando em chats aleatórios, gente que tinha algo há ver, gente nada há ver também. Conversar era uma das coisas mais legais para se fazer online. Conversar com um nick random, as cegas, sem saber, e graças aos céus muitas vezes sem se importar com gênero, raça e todas essas coisas. Era a melhor parte da internet.
Vão dizer que eu sou saudosista - eu sou, é verdade - mas hoje a internet virou o lugar em que é bonito odiar, “tocar o foda-se”, excluir alguém por causa de partido, de religião, de opinião. Virou o reino da intolerância onde não se constrói nada positivo a partir de posicionamentos diferentes, apenas segregação.

Eu gostava de não saber, eu gostava quando não importava se as letras que brotavam na minha tela vinham de branco, negro, gordo, magro, doente, gay, hetero, horda ou aliança. Me sinto como alguém que teve a sorte de experimentar um mundo onde nada disso importava. Alguém que pôde se surpreender com cada um dos contatos que conheceu pessoalmente sem ter visto uma única foto antes. Alguém que não fugiu de nenhum ‘IRContro’ porque já conversava tanto, já tinha tanto em comum com as pessoas, que as aparências não importavam mais (e eu sou péssima em nota-las também; "a pior fisionomista que existe", me dizem).

Eu gostava de começar conversas falando sobre música, filmes, RPG, esoterismo, mitologia, o jornal de ontem. Coisas nas quais não sou expert, e deixar a coisa rolar. De conversar com gente que também não se importava em saber se eu era mulher ou homem (eu raramente respondia quando isso era perguntado).

Recentemente eu tive uma experiência interessante conversando com um vendedor do eBay, com quem puxei assunto meio casualmente depois de fazer uma pergunta em um dos itens que ele estava vendendo, e eu acabei comprando. E nos trocamos várias mensagens e conversamos bastante, até o negócio ir para o Facebook, onde a conversa se transformou em eventuais likes timidos e um grupo de jogo em comum.

O Facebook é esse espaço meio público de mais, onde ninguém consegue achar seu papel. Você  tem que ser o filho, a mãe/pai, o profissional, o primo descolado, o amigo, a pessoa que você gostaria de ser e mais um monte de coisas, tudo porque você está, inevitavelmente, exposto a todos os seus círculos sociais ao mesmo tempo, de uma forma que nunca aconteceria na realidade. Na realidade ninguem tem que desempenhar todos os seus papéis ao mesmo tempo. Alguns são simultaneos as vezes, e já não é facil.


Eu sinto falta da internet sem foto, sem rotulo, sem idade. Da internet onde você tinha que conversar com as pessoas para conhece-las, não fuçar a wall delas e tirar conclusões (muitas vezes equivocadas). Da internet onde as coisas não aconteciam do mesmo jeito que acontecem no mundo real.


domingo, julho 26, 2015

Minha experiência da semana e por que algumas garotas não jogam RPG

Essa foi uma semana privilegiada, foram quatro jogos, eu vou comentar três especificamente. Por sorte também foi uma semana reflexiva e eu consegui observar algumas coisas durante esses jogos. Não que eu pretenda decifrar algum mistério do universo nesse post, mas eu acho que começo a vislumbrar um dos motivos para algumas pessoas acabarem perdendo o interesse pelo RPG (quando se dispõe a tentar).


Quarta teve Adventurers League, foi meu decimo sétimo jogo na Geek House com o pessoal da RolePlayers e foi exatamente o quão bom um jogo de 2h pode ser. O mestre era bom e o D&D Next é o D&D Next. O interessante dessa quarta-feira é que teve uma outra garota no grupo. Uma que não fui eu que levei. Já joguei com outras garotas na Adventurers League, já vi algumas em outras mesas, mas antes todas as que jogaram comigo eram minhas amigas, que eu convidei, arrastei até lá, e que por sinal jogaram uma ou duas vezes e nunca mais voltaram :P

Foi bom ter outra garota na mesa, bom de um jeito bem subjetivo por que nossa interação foi zero. Nossas personagens fizeram exatamente dois ataques cada uma durante o jogo e absolutamente nada mais, eu falei alguma coisa que ninguém ouviu, ela não falou nada, ou se falou ninguém ouviu também.
Eu comecei a reparar que, dependendo dos outros players da mesa, as pessoas mais comedidas simplesmente não conseguem jogar. Assim que o mestre termina a descrição, e as vezes até antes, dois dos nossos companheiros já estavam disputando a palavra e fazendo sete ações por rodada. A menos que o mestre explicitamente nos desse a palavra jamais teríamos a menos chance de fazer algo naquele jogo. Claro, alternativamente poderíamos sair falando e torcer pro resto calar a boca, dar uma chance, e ouvir, o que não aconteceu nesse dia e no meu caso nunca vai acontecer. Por que não? Por que a minha noção de boa educação sugere que eu devo deixar quem quer falar falar.
Foi um bom jogo, os dois ávidos jogadores representavam legal, ri bastante, mas praticamente não joguei. Se tanto eu quanto a minha colega estivéssemos apenas assistindo o jogo muito pouco teria mudado.
Eu me permito supor que nem todas as garotas pessoas tímidas ficam contentes de só assistir um jogo enquanto seus companheiros não dão a menor chance delas se pronunciarem. Eles não faziam por mal também, eram apenas pessoas empolgadas com o jogo e ansiosas mas, esse me parece ser um dos motivos possíveis para algumas garotas se afastarem do jogo.

Sexta-feira, o jogo pela Internet.
O jogo pela internet tem a parte boa de você ser livre para escrever, sem estar cortando ninguém. Eu consigo fazer mais ações e representar melhor escrevendo, até por não ter que “encenar” nada, apenas descrever com texto. Porém eu já gostei mais de jogar online. Com o tempo os jogos online se tornaram uma fonte de eventos traumáticos. Tudo que pode dar errado em um jogo de mesa consegue ir vários, váaaarios, níveis mais baixo em um jogo por texto na internet.
O jogo era D&D 3.5, a aventura trata das Crown Wars, é um momento de guerra civil e religiosa entre os elfos e esta começando a se formar o grupo que no futuro se tornará conhecido como drow, seguidores de Lolth. 
Talvez seja a falta de entonação de voz no jogo por texto mas um dos players simplesmente não consegue entender sarcasmo e ironia. Meu personagem revira os olhos e diz “Ahan, isso é uma óoootima ideia”, e o player em questão abre um PVT para me explicar por que não é uma boa ideia. e como eu estou "jogando errado". As explicações obviamente vem com coisas como “se liga” ou “você esta entendendo?”. Essa não é a pior coisa que pode acontecer com alguém na Internet mas é chato mesmo assim.
Lá pelas tantas o matriarcado, tipico dos drow, foi mencionado e eu apenas me arrependo de não ter dado print na explosiva demonstração de misoginia que eu assisti na sequencia.
Engraçado é que eu não dava a minima para essas coisas antes, eu não percebia elas, acho que tenho andado com más companhias ultimamente :P
No final eu também desanimei do jogo e voltei ao modo default em que só participo quando o mestre efetivamente me passava a ação, o que em geral significa jogar pouco.
Eu achava que ter alguém te antagonizando, mesmo que não intencionalmente, não era um problema mas, acontece que é um problema sim. Pode ser divertido por um tempo, mas se acontece sempre entre as mesmas pessoas começa a ficar desagradável e embaraçoso o bastante para valer a pena mudar de grupo, ou de hobby.

E por fim, o jogo de ontem, sábado;
Foi uma mesa de Lobisomem - O Apocalipse só com jogadoras. Eu fiz questão de participar pelo ineditismo da experiência; uma narradora, cinco jogadoras. Uma alcateia inteira da mesma tribo (o que eu considero um grande sucesso) com um augúrio para cada personagem.
O jogo demorou bastante para começar e é impossível não mencionar que começou com uma consulta aos espíritos da moda, sim espíritos da moda, para os quais foi ‘sacrificada’ uma carteira de alguma marca famosa e cara (isso esta fora do alcance dos meus conhecimentos, a marca foi mencionada mas eu não vou passar no teste para lembrar). Para ficar mais estereotípico só se tivéssemos sacrificado um par sapatos para, deixa eu reforçar, os espíritos da moda.
Depois veio o almoço “de negócios” com o NPC fodão, por isso as instruções do espirito da moda foram valiosas, fazer uma boa impressão era essencial. Esse inicio de jogo me causou um estranhamento a principio mas logo consegui encarar isso como uma outra dimensão do jogo, algo revelador, não só sobre os personagens mas sobre as jogadoras, uma coisa que enriquece a experiência, não era apenas “vamos bater em algo, rápido!”. 
Evidentemente também tivemos que bater em algo, o inimigo da vez era uma bola de cabelo, como aquelas que sobram no ralo depois do banho e entopem tudo se você não limpa. Uma bola de cabelo mal cheirosa, com lodo e garrafa pet, saída direto do fundo do rio Tiete. Sério, nada poderia causa mais assombro no público desse jogo, é a extrapolação da realidade de forma que todo mundo podia sentir o ‘drama’ do negócio. Me assustou o fato de ser tão fortemente ligado a uma tarefa doméstica mas foi eficiente em causa nojinho, mais eficiente que os gore de muitos outros jogos.
No fim matamos uns dançarinos e salamos nosso caern. Foi um jogo one shot com pouquíssimo Role-Play e muita conversa em off mas que conseguiu contar uma história completa em uma cadencia agradável.
Todas as meninas conseguiram falar. Algumas mais, outras menos mas, ninguém ficou sem participar do jogo. Fosse em combate ou em planejamento todas se manifestaram. Eu por sinal me sinto culpada pelo maior crime da mesa; arrombei a porta que que a ragabash poderia ter aberto com skill/dom/truque apropriado (quando eu jogo de rogue eu odeio perder a chance do open lock, quem diria, justo eu, meti o pé na porta dessa vez =o.o=).
O jogo tinha um proposito social muito claro, que foi atingido eu acredito, e além disso foi divertido.

Bem, eu penso que um mestre homem não teria feito um ‘espirito da moda’ útil, eu penso que uma garota talvez nem tivesse dito isso em uma mesa diferente dessa. E confesso que a principio eu mesma achei a ideia esquisita mas ouvir a ideia foi bom para os meus próprios paradigmas. Ter visto a ideia funcionar e a forma como a Eva (narradora) conduziu o efeito foi melhor ainda.
Em fim, acho que a primeira coisa para ter uma jogadora (e jogadores tímidos, e vários tipos de pessoas) na mesa é criar um clima confortável, onde as pessoas tenham chance de falar e não sinto receio de faze-lo. Manter a mente aberta é fundamental.

domingo, abril 26, 2015

Pôneis em casas novas ^_^


Recentemente eu vendi um pônei G3 para uma pessoa no Facebook. Foi um dos pôneis mais baratos que já vendi, era a Starcatcher que deveria mudar de cor mas já não mudava, esta sujinha e meio largada aqui em casa.

A pessoa me avisou quando recebeu o pônei, o que é bem legal, muita gente não avisa. E já mandou junto a foto dos primeiros socorros.
"Olha quem chegou aqui hj *^*" 



E junto ela me escreveu "Eu limpei ela, ai tirei as manchas de sujeira to tempo, ai raspei as partes arranhadas, no cabelo eu penteei , ai lavei com condicionador, sequei, ai tava meio umido passei um pouco de creme e passei prancha, no corpo começei a tirar a tinha que muda de cor, ta muito danificada, resumindo *^* estou amando ela. "



Alguns dias depois recebi outra foto:


É feliz quando os pôneis vão para boas casas, se fosse assim com todos eu venderia mais dos meus próprios, como essa era. Eu mesma não tenho todo esse tempo e atenção para eles.

E por falar em pôneis de casa nova. Hoje eu finalmente abri a Nurse Redheart que recebi umas semanas atras. Ela esta pronta para se juntar a manada:

sexta-feira, março 27, 2015

Acidente na rua

"Hoje eu estava indo para o trabalho...  eu virei a esquina e estava descendo a rua. No meio do quarteirão um rapaz passou correndo por mim. O farol fechou e um caminhão parou, o rapaz continuou correndo até entrar na frente do caminhão, então ele começou a gritar com o motorista. Eu passei andando, demorei um pouco para entender o que ele tava gritando. O ouvi dizendo "Você não viu o que você fez la em cima?! Volta e vai prestar socorro!". Eu olhei pra cima, a rua é quase uma ladeira, não vi nada, continuei descendo. O caminhou começou a tentar dar ré, outros carros tinham parado atras, o farol abriu, buzinas, eu continuei andando. Eu não lembro de nenhum deles, nem do motorista, nem do cara que gritou. Eu vi os dois mais não lembro... eu acho que o caminhão era verde. Duas horas depois outra colega chegou no trabalho, ela veio pela mesma rua, falou sobre o sangue no chão.  Sei la porque isso ficou na minha cabeça o dia todo, agora achei a noticia; Uma mulher de 40 anos morreu e ninguém sabe do caminhoneiro..."

[22:28] <Tyrans> Que
[22:29] <Cedric> true story?
[22:29] Raposa num momento oversensitive o.o
[22:29] <Raposa> Yup
[22:30] <Raposa> http://www.diariosp.com.br/noticia/detalhe/79917/mulher-morre-nesta-sexta-atropelada-por-caminhao
[22:30] <Raposa> http://noticias.r7.com/sao-paulo/mulher-morre-atropelada-por-caminhao-nos-jardins-27032015


Eu entrei no mIRC para desabafar quase. Eu não vi o acidente em sí - embora possa inferir o que houve, não acho que eu poderia ter feito algo a respeito, mas enquanto eu descia a rua eu pensei em perguntar, em voltar, mas eu não fiz nada. Acho que nem seria capaz de reconhecer as pessoas que vi essa manhã. Eu não deixo de me perguntar, se fosse um caso em que eu poderia ter feito algo, será que eu teria feito? Eu não sei...

domingo, março 22, 2015

Um menino perguntou...

Um menino perguntou à sua mãe: "De onde vim? Onde você me encontrou?" Entre lágrimas e sorrisos ela respondeu, apertando seu pequerrucho contra o peito: "Você estava escondido em coração como desejo, meu querido. Você estava na boneca dos meus jogos infantis". (Rabindranath Tagore)

Tagore é um poeta, embora para nós ocidentais os textos dele possam soar como essa "sabedoria de auto-ajuda", talvez por que exista muita sabedoria na poesia em geral, ela só é difícil de ver, não procuramos por sabedoria na arte, quando muito procuramos por beleza ou por sentido.

O quotei o textinho a cima do Felizes e Brincalhões (Bomtempo e Going, 2012, p.105), segundo esse livro o texto chegou a elas através de outro, do Vygotsk, só que estava faltam a referencia referenciada :P Todos os professores deviam ser mais tolerantes com esse deslize clássico.

Eu estou finalmente fazendo a disciplina da professora Edda Bomtempo, com uma turma pequena mas muito interessate e bem diversa. Muito legal.