quarta-feira, maio 04, 2016

Playing Experience - Asahina Yukimi I

O Jogo:
Eu joguei online com essa personagem por dois anos (2013 e 2014), em uma comunidade americana chamada FiveRings Online, eu especificamente joguei o FRO6 - Empire of Shadows.
O jogo estava disponível permanentemente, haviam cerca de 130 jogadores ativos, vários mestres e praticamente era só conectar a qualquer hora do dia ou da noite e RolePlay. Eu tive momentos de pouquíssima participação (no primeiro trimestre principalmente) e outros de participação intensa (de acordar e dormir pensando no jogo).
é difícil quantificar o tempo que dediquei ao jogo, ele tomou proporções de MMO em vários momentos.
O jogo se iniciou em Toshi Ranbo, Moto Chagatai ataca a cidade Imperial na ausência do Imperador, seu real intento era obrigar Toturi Kaneka a assumir o trono para poder liderar a defesa da cidade apropriadamente, e ele consegue isso. Kaneka se torna imperador e nesse momento o jogo começa.

A personagem:

Asahina Yukimi é uma shugenja tímida, tímida o bastante para eu poder representa-la adequadamente em um ambiente onde não falavam minha primeira língua :P então, trata-se de alguém que raramente tinah algo a dizer, e quando tinha raramente conseguia organizar-se mentalmente a tempo de faze-lo. Mas acontece assim mesmo com quem tem muito ar, pensamentos fugazes. Ela chega em Toshi Ranbo depois da guerra, para ajudar a reconstruir e trabalhar para a Garça. É uma artesã medíocre e uma shugenja medíocre a principio.

E é assim que ela começa o jogo.



A Experiência:
Esse foi um dos jogos mais interessantes que eu já joguei, apesar do jogo deixar muito 'espaço para interpretação' foi a minha melhor experiência no que se refere ao desenvolvimento e transformação do personagem, tanto mentalmente quanto em termos de ficha (eu terminei o jogo no Rank 6 praticamente).

Eu vou resistir a tentação de contar o longo jogo e falar sobre a experiência de jogar com essa personagem que rapidamente tomou forma e personalidades muito claras na minha mente. Era essencialmente uma pessoa boa, capaz de atos de revolta graves (devido ao poder que ela juntou ao longo do tempo) mas que frequentemente vinham seguidos de muito arrependimento. Deve ser o meu personagem mais inseguro e frágil, provavelmente incompetente para as posições que foi forçada a assumir (ela terminou o jogo como Daimyo da família Asahina, o que muito me orgulha mesmo assim :P)

Asahina Yukimi por 69XuXu69
O personagem tinha pretensões bem simples, servir o clã com conselhos amenos, com a arte do tsangusuri e com filhos, sendo uma boa esposa. Por um acidente do destino ela acabou na corte, se envolveu na guerra, matou Daigotsu (2x), salvou a Imperatriz (filha do Kaneka) e virou daimyo, resumindo bem.
Mas não foi um trajeto fácil, ele foi repleto de perdas difíceis e de rompimentos em afetos que nunca chegaram a se concretizar totalmente, ou seja, rompimentos no processo de se encantar com algo e com alguém. Isso foi muito sensível no jogo porque eram vários players, o contato dela com os outros personagens também era o meu contato com os jogadores desses personagens e quando eles morriam eles mudavam de nome, eu perdia o rastro da pessoa e as conversas em off também eram interrompidas. A sensação de perda foi mais forte que em qualquer outro jogo e era agravada pelo fato de, em muitos casos, ela se sentir responsável por algumas baixas.

Eventualmente aconteceu dela conseguir se casar com um Daidoji que era um PC muito ausente do jogo. O personagem Daidoji também não recebeu nada bem a satisfação que ela demonstrou com o noivado e os recorrentes presentes que ela mandava. Acabou sendo uma relação distante que fez a personagem se sentir muito solitária, em vários momentos ela teve a chance de definir o futuro do clã sozinha (podia ouvir os outros PCs, e em geral eu fui democrática por estarmos jogando juntos, mas se na hora H a Yukimi falassse diferente, já era), foi outra experiência de poder interessante, mas com a responsabilidade de definir o futuro do clã mais que o dela própria, ela podia ter ido melhor nisso, eu frequentemente me arrependo de muitas coisa que não fiz e que eu não disse nesse jogo.

Asahina no Daidoji Yori e Asahina Yukimi por 69XuXu69
Na verdade por muitos momentos eu acabei deixando a personagem ser apenas um porta voz dos demais membros da Garça na corte e a personalidade dela ficou bem subjugada as discussões que os jogadores tinham em off. Eu me arrependi de não ter posto o meu RolePlay a cima disso e ter experimentado mais com a minha oportunidade de mudar o mundo, segui os outros players e o mundo mudou muito pouco em relação ao canon nos aspectos que eu estava envolvida. :(

Ela teve quatro filhos que infelizmente não apareceram na história praticamente. Eu realmente sinto falta de personagens com relações familiares mais desenvolvidas e bem exploradas, e o Yori era, na maioria dos momentos uma figura distante e fria, apesar de uma ou outra cena mais amenas ou intensas terem acontecido (ainda bem, pelo menos os filhos tem explicação).


Asahian Yukimi e Asahina Yori por PagodaComics
No final do jogo ela teve que defender Shinden Asahina de um ataque das Shadowlands, uma batalha que terminou em uma vitória pifia devido a insistência dos bushis em combater enquanto vários shugenjas recomendavam salvar o que fosse possível e correr. Depois de muitos anos de corte ela surgiu nessa guerra como um personagem inesperavelmente poderoso (eu basicamente impedi o TPK sozinha em modo 'baralho azul' - "eu não dou dano, mas o inimigo também não") já que ela estava desde o começo do jogo. Foi um momento de realização para mim jogar com uma ficha rank 4, e pouco depois rank 5 na batalha do trono para defender a Imperatriz :)
Rokugan terminou esse jogo bastante devastada, um final épico mas triste para quem vê o cenário depois do letreiro.

A quantidade de arte deve sugerir o quanto eu estive emocionalmente envolvida com essa personagem. Teve muita frustração envolvida também, mas foi um jogo bom apesar disso. No final ficou a sensação de alguém que cumpriu o destino apesar dos desejos pessoais buscarem outro caminho, é um daqueles momentos que quando você olha a história como um todo você percebe que foi bom que algumas coisas não deram certo e não saíram como você queria.  Evidentemente é uma história triste ainda assim, em que a lista de potenciais amigos que ficaram no caminho é gigantesca, algo que raramente acontece em jogos de mesa.

Aiko (gata branca), Yukimi, Tenbun (gata 'ruiva') e os filhotes da Tenbun. Yukimi herdou as gatinhas do Kitsu Neji e do Kaisen depois da morte prematura de ambos os samurais. Arte por Chairim.