A muitos anos atras, em algum lugar... as crianças certamente não se lembrariam onde.
Algumas coisas são como tem de ser...
Fue voava baixo, a garça branca recentemente havia recuperar-se de um ferimento. Um acidente lhe causará um furo permanente na asa esquerda, dessa forma a cada manobra que a ave realizava o ar passaria por ali, entre as penas, provocando um assovio. Esse som levou Yukihime a batiza-lo de "Fue", como a flauta que a mãe dela costumava tocar.
Genki latiu alto quando seus olhos negros encontraram o pássaro voando contra o céu azul. O filhote de akita não podia evitar de correr em direção ao novo alvo. Muito mais divertida que justa, era a perseguição perfeita. A visão, o cheiro, os sons. Pouco atrás do cachorro vinha um garoto. Não é necessário explicar por que Hiromitsu nomeou o peludo amigo amarelo de "Genki", o cãozinho, sempre em movimento, deixa isso claro por si só.
O latido de Genki anuncia a presença dos recém chegados naqueles bosques. Essa é uma reunião de pessoas e animais que estiveram reclusos por um longo tempo. Novos uns aos outros, e tomados de curiosidade e receio.
A garça esforça as asas cansadas buscando sua protetora, apitando enquanto voa, passando entre as árvores de ameixa e cereja que estão no ápice da floração. Os passos ligeiros de Genki o seguem confiantes, desviando das árvores, levantando um rastro de pétalas. Enquanto cada uma das crianças se adianta em direção ao seu animal de estimação.
De alguma maneira eles se encontram. Mesmo dentro de um labirinto rubro, cercados pelo cheiro das flores e rodeados por pétalas avermelhadas carregadas pelo vento.
Nenhum deles tem tempo o paciência para o cenário. Para a improbabilidade do evento no qual estão imersos.
Fue aterriza desajeitadamente sobre Yukihime, derrubando-a no chão. Hiromitsu salta sobre Genki lutando, sem sucesso, para evitar que ele junte-se aos outros dois. Logo os quatro são arrastados para a animada confusão de penas e pelos, de crianças e flores. Mas as bicadas e mordidas nunca foram uma ameaça real. Apenas um jogo da natureza.
E as crianças, protegendo seus animais, se levantam como podem. Uma delas timidamente limpando o kimono, a outra desconfiadamente batendo a terra das roupas. Como opostos perfeitos, vestidos de azul e vermelho.
Mais umas vez os animais... Ave voando e cão correndo, brincando juntos a caçada impossível, o jogo de pegar.
A conversa se inicia com um breve olhar, acompanhado de uma mesura pouco formal. Lampejos dos adultos que serão um dia. E a preocupação se desfaz aos poucos.
-Esta tudo bem... Acho que eles só estão brincando.
-Nem me fale. O Genki esta sempre brincando!
-Que bom...
-Bom? Ah, não é não. Ele não me deixa dormir e... Ei! Ei, espera!
Entre risos eles retomam a perseguição, mais divertida do que justa, dentro de um labirinto de pétalas vermelhas, sob um céu azul sem nuvens.
Maravilinda ilustração em paint by me :P
Da direita para a esquerda; Fue, Asahina Yukihime, Bayushi Hiromitsu e Genki.
E outra ilustração, muito mais profissional, feita pela talentosa Chairim :)
Novamente, da direita para a esquerda; Fue, Yukihime, Hiromitsu e Genki.
Originalmente eu escrevi esse texto em inglês, para um jogo de RPG online. A versão em português é um pouco mais rica em detalhes mas eu gosto mais da sonoridade em inglês, visto que era a ideia original. Acho essa uma cena bonita de imaginar, ainda que eu não sinta ter feito uma descrição a altura do que eu tinha em mente. Fica o exercício.
PS: Escrever "ideia" e "heroico" sem acento é esquisitíssimo. Eis a nova ortografia causando alguns desconfortos, tiraram os acentos que eu sabia e deixaram os que eu não sei ainda :P
