domingo, junho 15, 2014

Cebolas...

Eu nem sei como começar esse post. Eu pretendia escrever uma coisa e antes de começar fui procurar uma imagem para ilustrar o post. Um post sobre o jeito novo de cortar cebolas que eu aprendi "recentemente". Imaginem a minha surpresa ao descobrir que o meu "jeito novo" na verdade é super comum (achei duzias de fotos) e o meu jeito "tradicional" é praticamente desconhecido (achei três fotos ruins).

Mas as cebolas são só o exemplo do conhecimento prático envolvido em "como cortar cebolas". Eu não vou falar nada de útil nem passar um formula para não chorar ao corta-las, é simplesmente a direção do corte e quais cortes são feitos.

Eu aprendi com a minha mãe, que obviamente aprendeu com a mãe dela, e até pouco tempo atrás eu fazia exatamente como ambas. Pega a cebola, corta as duas pontinhas fora, descasca, faz-se cortes quadriculados não muito profundos então "fatia-se" a cebola, produzindo pedacinhos pequenos em um corte conhecido como brunoise. Algo mais ou menos nesse estilo:
 
Fotos: Yassine H.
 cujo a mãe deve conhecer a minha, frequentaram a mesma escola de cortar cebola.

Um dia desses eu esta cortando cebolas, um momento dramático, e aparece o kas com essa proposta de um jeito mágico, mais rápido e menos trágico, de se cortar cebolas. Eu reclamei, estava com pressa, no meio de um processo clássico e desagradável. Ainda por cima ele me disse que aprendeu com o pai dele e eu tratei de subestimar a dica imediatamente.

Eu mesma já tinha feito várias experiências procurando formas alternativas de cortar cebola, já tinha incorporado uma pequena diferença na forma como a minha mãe e minha avó faziam e acreditava que (qualé) o namorido não podia entender de picar cebolas mais do que eu, né?
Pois é, logo eu voltei ao normal, escapei da minha arrogância, que geralmente é relacionada às atitudes idiotas que eu me arrependo de tomar. Uns dias depois eu chamei ele para cortar as cebolas e foi fascinante! Foi mais rápido, mais confortável e menos perigoso para a minha mão dedos embora a choradeira tenha se mantido a mesma.
Ele me contou como o pai dele havia recentemente ensinado o método para ele, depois de vê-lo fazer de outra forma e aborda-lo com um clássico "seu burro, não é assim que corta cebola".

Mas o fato interessante é que mesmo depois dessa abordagem (convenhamos, péssima para quem quer ensinar algo) o kas aprendeu o jeito novo, e mesmo depois da minha igualmente péssima recepção ele me ensinou o jeito novo. Curiosamente o pai dele só ensinou isso pra ele depois da mãe dele te falecido.

Tudo isso me faz pensar que existe uma hierarquia e uma ordem na forma como esses "saberes práticos" (e os teóricos também) são transmitidos. Eu não faço a menor ideia de como meu avô cortava cebolas, se é que ele sabia cortar cebolas. Eu me pergunto se o jeito dele não era melhor e eu simplesmente nunca vou saber por que isso não passou por alguma das "barreiras" que eu mencionei antes. Como vocês podem notar nessa parte o pensamento migra de cebolas para algo ha ver com redes de transmissão de conhecimento e como as mesmas funcionam.

Ah sim, o jeito novo, que eu sei agora não é tão novo assim, consistem em cortar a ponta da cebola mantendo o outro lado (o lado que chamam de barba, ou cabelo, vi vários nomes), esse lado mantem todos os pedaços juntos quando você longitudinalmente, depois é só "fatiar" e lá esta o picadinho brunoise.


Um comentário:

  1. O pai era um ser complicado. Mas nao somos todos? Adorei o post e ver que esta tudo vivo aqui
    kas

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Comentários