Por muitos anos fui, assim como minha família, uma pessoa afortunada considerando as rápidas mudanças no horizonte de São Paulo. Me acostumei com o sol da manhã em uma janela, o da tarde em outra. Um péssimo costume.
Primeiro me tiraram o sol da manhã, hoje o meu quarto em São Paulo passa boa parte da manhã a sombra de um prédio visinho. Não me incomodei a principio. Eu ainda tinha a vista, tinha amplo e gratuíto acesso aos fogos no final do ano, tinha o horizonte distante. Mas em Janeiro as coisas começaram a mudar. :(
Cheguei de Florianópolis na última sexta, bem cedo. No caminho entre a parada de ônibus e o saudoso quarto o céu sobre mim estava azul, como raramente se vê em São Paulo.
Em casa, encontro-me a sombra, sombra gelada de inverno que vai ser difícil de aturar. Lá se vão o céu e o Sol por trás do concreto.
Ainda bem que o pequeno jardim do vizinho também insiste em crescer, do contrário não sobraria qualquer verde para eu ver. E mais andares e andaimes estão por vir na região.
Acredito que todos os bairros de SP vão passar por uma transformação. O transito de ruas estreitas vai passar por outra. Viadutos de vias ligeiras e blocos cada vez mais massivos vão se aglomerar uns sobre os outros. Parece mesmo um tipo de doença nossa humanidade. Sei lá, soh não quero estar aqui para ver a cura.
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